CLAUDIO ANGELO
DE BRASÍLIA
DE BRASÍLIA
O ritmo de desmatamento no cerrado caiu 15% em 2010 em relação a 2009, segundo dados divulgados nesta terça-feira pelo Ministério do Meio Ambiente.
A conta, porém, deixou de fora os meses de agosto e setembro do ano passado, quando o bioma teve um recorde no número de queimadas -- grande parte delas ligadas a desmatamentos. Esses dados só deverão aparecer nas estatísticas de 2011 (o desmatamento no cerrado, como na Amazônia, é medido de agosto de um ano a julho do ano seguinte).
No biênio 2009-2010, a savana do Brasil Central, que concentra a expansão do agronegócio, perdeu 6.469 km2, mais ou menos o equivalente ao que foi desmatado na Amazônia. Em 2008-2009, a área devastada foi de 7.637 km2. No total, o cerrado já perdeu 48,5% de sua cobertura vegetal nativa.
O desmatamento se concentrou no chamado "Mapito" (sigla de Maranhão, Piauí e Tocantins), a nova fronteira do agronegócio do país. O Maranhão foi o Estado que mais desmatou: 1.587 km2, quase o dobro do Piauí, segundo maior desmatador, com 979 km2.
Segundo a ministra Izabella Teixeira, além da agropecuária, a expansão das cidades também tem causado a devastação no cerrado. "Os municípios do Maranhão e do Piauí com investimentos em agricultura e logística têm tido grande crescimento urbano associado", afirmou.
A ministra afirmou não ser possível determinar ainda a redução na taxa de desmatamento. Segundo Bráulio Dias, secretário de Biodiversidade e Florestas do ministério, a queda pode ser explicada em parte pelo fato de que grande parte da expansão da fronteira agrícola aconteceu nas décadas de 1980 e 1990 (antes que o governo começasse a monitorar o bioma) e pelo aumento da produtividade na agropecuária, que reduz a demanda por terras.
Dias afirmou ainda que o ministério poderá pedir a revisão das metas nacionais de redução de desmatamento no cerrado. Em 2009, o Brasil se comprometeu a cortar a devastação no bioma em 40% até 2020 em relação à média 1995-2002. Acontece que essa média havia sido estimada preliminarmente em 15.702 km2, por estudos isolados, antes de o sistema de monitoramento começar a funcionar.
O ministério acha que as metas poderão ser ampliadas (a proposta original era 60% de redução), mas diz que o acompanhamento do desmate no cerrado é recente demais (começou em 2009) para permitir qualquer conclusão sobre isso agora.
"Diferentemente da Amazônia, onde temos 20 anos de dados, precisamos [no cerrado] de uma série histórica. Mas em termos médios a meta está sendo cumprida", afirmou a ministra.
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